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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Porque e como ser ecumênicos?

Nós e eles: Ecumênicos!!




Porque e como ser ecumênicos? Para responder a esta pergunta, proponho uma meditação do trecho do Evangelho de Marcos 9,38-40:


”Naquele tempo, João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos segue expulsar demônios em teu nome e quisemos impedi-lo porque não nos segue. Jesus disse-lhes: Não o impeçais, porque não há ninguém que faça um milagre em meu nome e vá logo dizer mal de mim. Quem não é contra nós é por nós”


Percebemos neste trecho do Evangelho que a fé dos discípulos do tempo de Jesus, como a dos atuais é frágil, não é suficiente para expulsar demônios; os próprios discípulos têm a mania das grandezas, orgulhando-se diante daqueles que não pertencem ao grupo dos discípulos, assim são boa parte dos evangélicos e dos católicos, infelizmente, não é verdade? Parece-lhes que só eles têm capacidade para realizar ações correspondentes aos ensinamentos de Jesus. Mas o Mestre mostra que a Sua missão e os Seus ensinamentos não podem ser encerrados atrás de portas ou muros, de seitas, de igrejas, de templos, de doutrinas. O Espírito Santo sopra onde quer. Fazer prodígios “em nome” de Jesus, é atuar com liberdade, acolhendo o amor, e em total dependência de Deus, que não exclui ninguém. Os discípulos não podem pretender um monopólio absoluto sobre Jesus. A Igreja deve estar aberta àqueles que não lhe pertencem expressamente, mas demonstram simpatia e benevolência em relação a ela. As exortações finais: “Quem não é contra nós é por nós”, apresentam exatamente alguns princípios para a boa convivência ecumênica. 
É rico, não quem acumula muitos bens, mas quem é feliz, e quem sabe estar atento aos outros e às suas necessidades. Mas também é preciso estar atentos aos sentimentos com que damos algo aos irmãos carentes, às motivações com que o fazemos, sobretudo nossos “ensinamentos”. Quando a nossa generosidade é movida pela caridade de Cristo, sentimo-nos impelidos a novas iniciativas e a ações que nunca antes pensamos poder fazer. E pode acontecer que também nos admiremos de ver outros capazes de gestos de amor ainda maiores que os nossos. Senão estaremos apenas fazendo discursos vazios e proselitismo, enquanto o Evangelho é testemunho com fé e obras.
É então que nasce o verdadeiro sentido de comunidade, de encontro entre pessoas que, reunidas no amor oblativo, têm como dinamismo vital o Espírito Santo, que assim realiza a sua missão: "onde estiver dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles" (Mt 18,29), e a promessa é de que não seria nesta ou naquela doutrina, nessa ou naquela denominação. 
O mesmo Espírito pode atuar por meio de pessoas que não pertencem à nossa comunidade, ao nosso grupo. Jesus ensina-nos a sabedoria espiritual e a abertura do coração para enfrentarmos esses casos. João e os seus companheiros pensaram proibir a outros de fazerem o bem em nome do Senhor: "vimos alguém expulsar demônios em teu nome, alguém que não nos segue, e quisemos impedi-lo porque não nos segue" (v. 38). Também nós, cristãos do século XXI, podemos cair na tentação de não admitir que outros, que não são como nós, façam o bem. Mas o certo, o ideal é alegrar-nos com todo o bem feito no mundo, ainda que não seja feito por nós. Não possuímos o monopólio do bem.
Não é fácil admitir que, pessoas que não estão de acordo conosco, possam fazer o bem. Mas Deus quer que o reconheçamos e nos alegremos com isso, porque "não há ninguém que faça um milagre em meu nome e vá logo dizer mal de mim", disse Jesus (Mt 9,39). Uma boa ação leva a outra boa ação. Por isso, não a critiquemos, ainda que não estejamos de acordo com quem a faz.
Há que aprender a descobrir "os sinais da Sua presença" também em homens e nas mulheres que não são "dos nossos". Pode até acontecer que os que nos parecem mais afastados sejam os mais próximos do Senhor. Assim aconteceu na vida de Jesus: Nicodemos e os judeus de Jerusalém são entusiastas dos sinais que Jesus realiza. Acreditam n´Ele e reconhecem-n´O como enviado de Deus. Mas não chegam à fé perfeita. E Jesus não Se fia neles, porque sabe o que há no coração do homem (cf. Jo 2,23-25; 3,1-10). Pelo contrário, chegam à fé os desprezados, os cismáticos samaritanos: "Este é, na verdade, o salvador do mundo" (Jo 4,42) e mais ainda o pagão funcionário real, que acredita à palavra de Jesus: "Vai, o teu filho está salvo. Aquele homem acreditou na palavra de Jesus e pôs-se a caminho" (Jo 4,50). O seu filho estava verdadeiramente curado: "Acreditou ele e toda a sua família" (Jo 4,53).
Assim é Jesus, assim deveríamos nós, os seguidores de Jesus.


Que Ele mesmo nos converta para a verdade dele, não pra a presunção e vaidade de nosso coração.


São Carlos de Jesus, rogai por nós


Padre Antonio
Diocese de Itumbiara
Igreja Católica Apostólica Brasileira
padreantonioicab@yahoo.com.br

E se o Brasil fosse evangelico?‏


O Brasil é do Senhor Jesus?
Deus nos livre de sermos um país evangélico!!
 
Recebi, logo depois da Missa, hoje de manhã, a visita de duas senhoras, não na igreja, mas no portão da casa paroquial, de cara identifiquei-as como testemunhas de jeová (tive vontade de fazer a piada: “mas eu não vi a briga..., mas como sou Padre, tenho que me privar destes inocentes e bobos prazeres temperados com certo humor nem tão inocente...); elas me perguntaram se eu estaria disponível para um breve estudo bíblico (tive vontade de mandá-las para o tanque, lavar roupa, mas sou Padre, tenho que me privar...), como elas disseram que seria breve, aceitei e, como não sou tão santo assim (graças a Deus!!), disse: “Se for realmente breve, estou disposto”, elas então, sem manusear a Bíblia e sim um maço de revistas, me perguntaram se eu sabia “que Jesus iria voltar?”, sem dar tempo a elas, fiz varias citações de versículos sobre o “Orai e vigiai”; “não sabeis o dia nem a hora”, e, sobretudo o do Evangelho da Missa de Hoje, Primeiro Domingo do Advento, segundo o Missal Brasileiro... Disse, sem deixá-las falar, que oraria para que elas se convertessem, conhecessem Jesus, O aceitassem e, sinceramente, dei a elas a benção sacerdotal Trinitária, invocando a Nossa Senhora Aparecida, São Miguel Arcanjo e São Carlos do Brasil, como fizera há pouco, para os fieis católicos brasileiros, na igreja...
Mas a visita destas equivocadas e deprimentes senhoras fez-me pensar e o que pensei, escrevo aqui:
E a minha reação foi sentir pavor de o Brasil tornar-se evangélico. Sei que os evangélicos sonham e trabalham para que o Brasil se converta em massa num país legitimamente evangélico.
Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo na sua forma do protestantismo, seja luterano, anglicano, presbiteriano, batista, etc., mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como “Movimento Evangélico”. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou ortodoxos e que os valores do Evangelho sejam assimilados pela sociedade brasileira através destas igrejas; pois para eles “aceitar Jesus”, significa virar “crente”, com a cara dos evangélicos, os valores (tantas vezes pseudo) e a moral (tantas vezes falsa). Deus nos livre!! Cruiz credo!!
Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa idéia de como seria desastroso se isso acontecesse como um todo no Brasil.
Imagino e tremo. Tremo só de pensar em como estas pessoas tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu, Mart'nalia, Chico Buarque? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as pobres (no sentido de pobre mesmo) poesias do cancioneiro gospel e suas bandas nauseabundas? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?
Haveria um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre estes “crentes”, publicaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?
Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Jacques Derridá nunca seria traduzido para o português. Bolsonaro, ou outro do seu (baixo) nível, seria eleito presidente da república. Direitos Humanos seriam tomados como coisa do demônio... A imprensa seria sim censurada...
Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. Negrinho do Pastoreio não seria estudado nas escolas. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E a famosa pelada de várzea aconteceria quando?
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político e a corrupção prevaleceram; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembléias e Gabinetes para saber que isso aconteceria, basta observarem o que “Suas Excelências” das famigeradas bancadas evangélicas propõem na Câmara federal, ou no caso, não propõem nada, mas boicotam e trancam a pauta das votações no Congresso Federal...
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade evangélica não passa de cópia mal feita da cultura do Norte, de pastores pentecostais televisivos dos anos 70 e 80, que desapareceram devido aos escândalos financeiros e sexuais que provocaram, mas deixaram os frutos podres por aqui. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra as Igrejas Católicas e os cultos de matriz africana e viria a criar uma elite religiosa, “os ungidos”, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.
Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me pergunto: como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, da Cecília Meireles, do Antonio Callado, a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado e outros editados por editoras evangélicas.
Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista, e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista. Todo o discurso político deles é hipócrita e mentiroso, basta observarmos aonde surgiu a historia de que a Presidenta Dilma, quando candidata, teria dito que “nem Jesus Cristo me tira essa eleição”...
O projeto cristão visa preparar para a vida e a vida abundante. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião romano, e entre seus criteriosos e farisaicos contemporâneos ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que amava e cuidava do escravo.
Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética e uma estética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, dançar, encenar, praticar a justiça, criar meios de solidariedade e viver sua sexualidade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador, da liberdade e da diversidade humana.
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.
 
Padre Antonio
Diocese de Itumbiara
Igreja Católica Apostólica Brasileira
 
 
 
Padre Antonio Piber
Catedral Menino Jesus
Rua Bispo de Maura,199
Bairro Karfan
Itumbiara, GO
CEP:  75516-470
Fone: 64 34046449
Celular: 64 92391271
 
 
"Mas que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que Ele me fez?
Erguerei o cálice da Salvação, invocando o Nome do Senhor, no meio de todo o Seu povo" (Sl 116)

Oração de Padre Gelson Antonio Piber


Pai-nosso que estais no céu,
e sois nosso paizinho e mãezinha na Terra,
amorosa Unidade Trinitária,
amor que une a diversidade,
Criador do por do sol e dos olhos enamorados que enternecem o coração,
Senhor avesso ao moralismo desvirtuado e guia da trilha peregrina das formigas do meu jardim,
Santificado seja o Vosso Nome gravado nos girassóis de imensos olhos de ouro,
no enlaço do abraço e no sorriso cúmplice,
nas gotas de chuva que saciam a terra e na candura da avó ao servir sopa,
Venha a nós o Vosso Reino para saciar-nos a fome de beleza e semear partilha onde há acúmulo,
alegria onde irrompeu a dor,
gosto de festa onde campeia desolação,
Seja feita a Vossa Vontade nas sendas desgovernadas de nossos passos,
nos rios profundos de nossas intuições,
no vôo suave das garças e no beijo voraz dos amantes,
na respiração ofegante dos aflitos e na fúria dos ventos subvertidos em furacões,
Assim na Terra como no céu,
e também no âmago da matéria escura e na garganta abissal dos buracos negros,
no grito inaudível da mulher aguilhoada,
da criança abusada e no próximo encarado como dessemelhante,
nos arsenais da hipocrisia e nos cárceres que congelam vidas.
Amem... 

 

Padre Gelson Antonio Piber
Diocese de Itumbiara, GO
Fone: 64 34046449 
   Cel: 64 92391271
http://padregelsonpiber.blogspot.com/

"Como poderei retribuir ao Senhor, por todo o bem que Ele me fez? Erguerei o cálice da Salvação, no meio do seu povo" (Sl 115,12-13).

domingo, 25 de dezembro de 2011

Compartilhar o pão (Final)


Compartilhar o pão (I)

Paiva Netto
*Vivemos um clima de renovação tecnológica jamais vista, mas também de ganância exacerbada. Todavia, os seres de Boa Vontade aguardam confiantes, como primícias do Senhor, tempos melhores. Daí ser muito saudável o reacender da esperança a cada ano que começa.

Diante da imensidão do Universo de Deus, os ideais de vaidade e de domínio humanos não possuem futuro.

Ao serem atravessadas as águas do “rio da morte”, desfazem-se as quimeras de uma Ciência quando sem entranhas, os terrores de crenças quando carregadas de preconceitos e intolerâncias, além de todo espírito de concorrência desalmada e o conceito bélico, que separam as pátrias. Isso até que o Sol da Caridade, que é Jesus, espante as trevas da ignorância insolente e, abrindo-lhes a visão espiritual, faça os seres humanos inferir que apenas o exercício das divinas leis da Fraternidade Ecumênica e da Solidariedade Social trarão Paz à Terra. Nesta época, o ensino sublime do Evangelho-Apocalipse terá, finalmente, acalmado os corações, que encontrarão no Regaço de Deus o descanso para os seus Espíritos infrenes. Nessa época, esperada por tantos missionários do Bem, a Humanidade terá entendido que de nada adianta ilustrar a mente se o coração for esquecido e que é delírio completo desejar o progresso da sociedade se os princípios da confiança e do respeito forem avis rara nas relações interpessoais.

SEDE DE SIMPLICIDADE

Ernesto Renan (1823-1892), filósofo, historiador e livre-pensador francês, citado por Humberto de Campos (1886-1934) em carta a Gastão Penalva (1887-1944), seu colega da Academia Brasileira de Letras, preconizava que “o cérebro queimado pelo raciocínio tem sede de simplicidade, como o deserto tem de água pura”.

Assim ocorre com a Verdade Divina, da qual o Espírito humano não pode abrir mão. Tanto que, quando ele estiver exausto de inutilmente lutar contra a própria libertação, ela, a Verdade Divina, virá iluminá-lo com a sua luz, delicada e serenamente. Jesus viveu entre nós 33 anos. Contudo, consoante o prosador grego Luciano de Samósata (125-192) anotou, “a vida humana vale mais por sua intensidade de aprendizado do que por sua extensão”. Desde que ela cesse unicamente na hora marcada por Deus, pois “o suicídio não resolve as angústias de ninguém”, ensinava Alziro Zarur.

CIDADÃO CELESTE

Ora, meus amigos e minhas irmãs, façamos, então, o Bem, porque o tempo continuará passando.

Estamos corpo, mas somos Espírito. Isso nos leva a concluir que Protágoras, filósofo grego da escola sofista, não alcançou a amplitude universal da criatura quando afirmou que “o homem é a medida de todas as coisas”.

Com o pensamento elevado ao nosso Divino Mestre, caminhemos mais adiante e digamos que o Espírito Eterno, que habita o corpo humano, ele sim, é a medida de todas as coisas, porquanto é Cidadão Celeste.

Mulheres e Homens de Boa Vontade, o nosso esforço é levar ao povo as fórmulas divinas do Amor e da Verdade, da Humildade e da Esperança, da Justiça e da Paz, que emanam dos ensinamentos do Educador Sublime: Jesus. É o Pão Espiritual que fazemos questão de dividir com todos. Quando tivermos conscientemente aceitado isso, não na superfície, mas no imo de nossa Alma, estaremos prontos para proclamar a Política de Deus ao ser humano e ao seu Espírito Imortal.

O segredo é confiar em Jesus! O Grande Amigo que não abandona amigo no meio do caminho. Eis o início de tudo. Conforme dizia o velho Goethe (1749-1832), “no princípio, a ação”. O valor se prova com o trabalho.

Então, as lamentações de Jeremias sobre Jerusalém encontrarão seu término, e “haverá um só Rebanho para um só Pastor”, que é o Cristo.

Que a Paz e a decisão de Deus estejam, agora e sempre, em todos os corações, porque grandes vitórias se aproximam, se fizermos por merecê-las. E tornemos o ano novo uma essencial Ressurreição.

Leia também:
- Compartilhar o pão (I)

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José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter). Filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.

Compartilhar o pão (I)



*Estamos no mês de dezembro, o que nos faz sentir, na alma e no coração, que se aproxima a ambiência fraterna do Natal do Cristo Ecumênico.

Por sinal, a Legião da Boa Vontade, que surgiu no plano das formas sob a batuta do jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), sempre se fundamentou nas ações do Amigo Celeste de amparo às camadas material e espiritualmente mais sofridas da sociedade, tendo como lema “Salve o Natal Permanente de Jesus, por um Brasil melhor e por uma Humanidade mais feliz”.

Na madrugada de 4 de fevereiro de 2000, com o pensamento inspirado em tantas mensagens que vários pensadores produziram pelos milênios, refletindo uma vez mais sobre o alto significado altruístico dessa data espiritual não menos mística, transpus para o papel algumas palavras motivadas pela grandeza eloquente dessa Obra, que nos confraterniza.



MANJEDOURA E RESSURREIÇÃO

No mundo, existe ainda muita violência, mas não podemos deixar morrer a vibração de esperança que mantém os corações unidos.

Além da mesa farta e da alegre presença dos familiares, compartilhemos o pão da Boa Nova do Divino Mestre, a alimentar os corações com Paz e Fraternidade, veredas seguras pelas quais ansiamos por caminhar.

Na manjedoura, acendeu-se uma luz que cresceu no Calvário para clarear a consciência terrestre, glorificou o destino humano na Ressurreição e encheu de esperança o mundo quando Jesus subiu aos Céus e os Anjos anunciaram aos galileus comovidos que, da mesma forma, Ele retornaria à Terra (Atos dos Apóstolos, 1:8 a 14).

“8 (...) recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra.

“9 Tendo dito estas palavras, foi Jesus alçado à vista deles, e uma nuvem O recebeu e O ocultou da visão de todos.

“10 E, estando a multidão com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles,

“11 e lhes perguntaram: Galileus, por que estais olhando para o alto? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido nas alturas, há de vir do mesmo modo como O vistes ser elevado ao céu.

“12 Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado.

“13 E, entrando, subiram ao cenáculo onde se reuniam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu; Simão, o Zelote; e Judas, filho de Tiago”.

“14 Todos estes perseveravam unânimes em oração e súplicas, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos Dele”.

HUMANIDADE DISTRAÍDA

Os séculos transcorreram, com alegrias e tristezas, derrotas e vitórias e os constantes chamamentos do Mundo Superior a uma vida melhor para todos os povos. Porém, os ambientes de tirania e de ambição continuaram surdos aos apelos de Deus. Por isso, ainda hoje, não ouvem os prantos do Cristo sobre a Humanidade desatenta: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram mandados! Quantas vezes quis Eu juntar os teus filhos, como a galinha protege os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não o quiseste!” (Evangelho segundo Mateus, 23:37).

Jerusalém simboliza atualmente toda a Humanidade distraída. Entretanto, a Claridade do Cristo continuou descendo como bálsamo para o Espírito de todos, mesmo para os que têm desprezado a mensagem Dele, mas principalmente para aqueles que estão perseverando até ao fim, consoante a Sua promessa aos fiéis de Esmirna: “Sê fiel até à morte, e Eu te darei a Coroa da Vida” (Apocalipse, 2:10).


*José de Paiva Netto, escritor, jornalista e radialista. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV).


Natal de Jesus!


Quando de Sua primeira vinda visível ao planeta, Jesus, o Provedor Celeste, exemplificou com a própria vida o valor da solidariedade sem fronteiras, sejam elas de idioma, cor da pele, opinião política etc. É Dele também uma postura ecumênica de amparo aos desfavorecidos da Terra.

Refletindo sobre o amplo e irrestrito significado do Natal de Jesus para a LBV e para os que com ela cerram fileiras na construção "de um Brasil melhor e de uma Humanidade mais feliz", recordo trecho de circular que escrevi em Brasília/DF, datada de 4 de junho de 1997. Faz parte da minha obra "Liderar sob a proteção de Deus", em preparação. Dedico a todos os corações de Boa Vontade:

(...) Elevemos uma fervorosa prece ao Cristo, nosso Senhor, porquanto esse é o caminho seguro que nos conduzirá à vitória. No Cristo, venceremos!

O que almejamos nós senão oferecer aos deserdados do mundo uma Ceia Especial, que nutra, para todo o sempre, os seus Espíritos, sequiosos de um alimento que vem do Alto: Jesus, o Pão vivo que desceu do Céu?

E esse Pão que desceu do céu igualmente é Educação e Cultura, Alimentação, Segurança, Saúde e Trabalho com Espiritualidade Ecumênica! Um sonho que nos vem do Cristo de Deus, de forma que o tornemos uma instituição em toda a Terra. Para sua concretização, precisamos desenvolver um sentido realista, a fim de infalivelmente conduzir multidões pelas estradas do coração. Isso porque, nestes tempos de avançada tecnologia, é urgente que a Humanidade seja mais sensível aos sentimentos generosos, impulsionadores da Fraternidade e da Solidariedade Social, que andam fazendo bastante falta nos dias que correm. (...)

ORIGEM DE NOSSA RIQUEZA
Também em uma circular que escrevi no Rio Grande do Sul, em 4 de dezembro de 1998, registrei:

(...) Saibamos buscar no Cristo aquilo que Ele nos oferece e de forma alguma desprezar o que Ele concede a nós, por força da Sua Graça e da Sua Generosidade. Somos ricos. Precisamos descobrir isso com urgência e teremos um Brasil cada vez melhor e uma Humanidade mais feliz. Na verdade, a grande economia ainda está por se fazer, porque Jesus é maior que todos os economistas. Quando todos tiverem descoberto a Economia de Deus, que sustenta o Universo, a riqueza do Brasil será inexcedível, jamais conhecida em toda a história da Humanidade.

Digo isso para ilustrar a crença no Supremo Governante da Terra como Grande Administrador e Economista. Compreender essa realidade é o que falta para que não haja mais miséria na Terra, pois Ele disse: "Tudo aquilo que pedirdes na prece, crede que o recebereis, e vos será concedido" (Evangelho do Cristo segundo Mateus, 21:22) e "se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a um monte: sai daqui, lança-te ao mar, e assim acontecerá, pois nada vos será impossível" (Mateus, 17:20).

Assim, realizaremos todo esse espectro maravilhoso de planos para tornar melhor a vida dos desamparados, não somente do corpo, que são bilhões, mas de Espírito, que é toda a Humanidade, carente de alguma coisa. Ela, de certa forma, está vivendo um vazio, porque a criatura não pode sobreviver, subsistir sem o Amor do Seu Criador.

Esse conhecimento, que não tem nada de ilusório, mostrará o roteiro para o sucesso total na vida. Ninguém é feliz por ser rico e até por ser pobre, mas quando se encontra a si próprio ou a si própria. Aí tem em mãos as armas de que necessita para derruir qualquer pedreira que lhe dificulte achar a sua felicidade real. Do contrário, Jesus não nos teria advertido na Boa Nova consoante Mateus, 6:33, sobre a lei básica da Economia, instituída pelo Criador de nosso planeta: "Buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas".

AGRADECIMENTO
Foto: Vivian R. FerreiraAstróloga Maria Eugênia.Recebi da famosa astróloga e escritora Maria Eugênia de Castro e do monge budista Gustavo Alberto Correa Pinto o livro "Astrologia & Budismo". Nele, fui agraciado com as seguintes dedicatórias: "Para o amigão Paiva Netto e família o carinho da Maria Eugênia" e "Para o irmão Paiva Netto, com votos de Luz. Um abraço. Gustavo".

Também fui presenteado com outro volume, "O livro dos signos", de autoria de Maria Eugênia de Castro, Luiz Augusto P. A. Figueira e Paula Dornelles Bevilaqua. "Para o grande e eterno amigo Paiva Netto. O carinho da Maria Eugênia".

Grato a todos pela deferência.

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José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter). Filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Aleijou um Gatinho e foi pra Igreja Louvar o Senhor, Pode?



Este é o Branquinho; (2 anos), ultimo remanescente de uma linhagem que está na minha casa a mais de 25 anos. 



Foram várias ninhadas que teve inicio com a Princesa, uma gatinha branquinha que jogaram em meu jardim, e adotamos, e que se transformou numa linda gata branca peluda que chamava a atenção, pelo porte de princesa. 







Com o tempo ela cruzou com um persa, e começou assim até chegar neste lindo gato que apesar de mestiço encanta pela beleza e douçura.

Estas fotos fora feitas ontem, enquanto fazia dengo sombre minha mesa de trabalho . Depois de ganhar um cafuné, tirou um breve cochilo.




















Agora veja como ficou, após ter sido covardemente agredido gratuitamente por um imbeçil perverso que infelizmente é nosso vizinho e cria passaros aprisionados em diminutas gaiolas, os quais coloca sobre a lixeira na calçada, atiçando a natureza de predador do gato!




 Vejam o tamanho da brutalidade contra um animal indefeso e que pela caracteristica  (é muito mansinho e adulado pelos vizinhos), confiou no  covarde -imbecil e  foi atraído para ser agredido!
 E após esse ato extremamente covarde, o imbecil tomou banho, colocou a biblia sob o sovaco e foi pra igreja louvar ao Senhor!

 Agora me respondam: O Senhor recebe louvor de criatura  que tem a capacidade de u ato tão pervesro, tão covarde e desumano contra animais?

 Não né¿ E com essa de hoje, acabei descobrindo que foi o mesmo imbecil, quem fez a mesma  coisa com um outro gato velho daqui de casa, o “Coton”, que  também ficou aleijado e perdeu as presas, tem dificuldade para se alimentar, e nunca fez mal a nenhum humano.


Voce pode estar pensando em me dizer pra fazer uma denuncia.
Ele ainda Bebê
Mas não vou fazer, e já acalmei os filhos no sentido de deixar a coisa correr, pois quem maltrata animais, acaba da mesma forma, maltratado pela vida, visto que é aqui mesmo que pagamos pelos nossos atos.

Quantas vezes deparamos com  pessoas em situações terriveis, e nos perguntamos o porque algumas pessoas passam por  sofrimentos tão atrozes?
Eu respondo sem titubiar: É colheita! 
Tudo o que fizermos são semeaduras, e somos livres para fazê-las, porém a colheita é compulsória!Aguarde e observe, depois me diga, se o tempo não se encarrega de colocar no devido lugar cada coisa?
Companheiro, está sempre por perto, observando o que  faço!

Vamos tratar do gatinho ferido como pudermos, porque não temos capital pra Veterinário , que diga-se de passagem é muito caro, mas tenho a certeza de que ele irá superar essa judiação e voltará a ser o gatinho alegre e brincalhão da casa. 

Enquanto ao vizinho perverso... 
Ah este colherá cada espinho que  semeou em sua estrada!





sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Rebanho, quantidade ou qualidade?


Era uma vez um bom pastor de ovelhas que tinha poucas ovelhas e, cansado de ver seu aprisco tão vazio, tinha pressaem aumentar o rebanho.

Ele sabia que podia cuidar muito bem de uma quantidade maior de ovelhas, mas, não havia ovelhas disponíveis para adquirirnaquela região.

Foi quando alguém o convenceu de uma estranha teoria: "Se você batizar um porco e o ensinar a viver como ovelha, com o tempo, ele se torna uma ovelha".

Então, o pastor de ovelhas passou também a cuidar de porcos. No começo ele quase desistiu, mas, como era um sujeito determinado, insistiu.

Brigou. Bateu. Xingou.

Pediu. Implorou. Manipulou.

Motivou. Desafiou. Presenteou.

Reforçou o comportamento positivo. Premiou.

Brigou. Bateu. Xingou.

Mas, aqueles bichos era realmente rebeldes e sempre insistiam em voltar para a lama logo após o banho diário que ele lhes dava.

O pastor tinha que ficar à porta do mangueirão com um pedaço de pau batendo no lombo dos bichos para os obrigar a ir pastar os pastos verdejantes e a beber as águas tranqüilas junto com as ovelhas:

- Agora vocês não são mais porcos, dizia ele, agora vocês são ovelhas; comportem-se como tal.

Sem perceber, passou a dedicar a maior parte do seu tempo tentando manter os bichos na linha.

E as ovelhas acabaram ficando em segundo plano. Sem cuidados pastorais, estressadas com a companhia dos porcos que viviam a perturbá-las, elas deixaram de se alimentar e de se reproduzir e, aos poucos, foram se acabando.

Meses depois, com exceção de uma ou outra ovelha que viviam por ali, tristes, isoladas, só havia porcos naquela propriedade.

O pastor de ovelhas transformara-se em pastor de porcos. Acabou desistindo de ensinar aos porcos o comportamento que se espera de uma ovelha e fazia de conta que não estava vendo seu "redil" chafurnado na sujeira.

Os porcos, sempre com medo de levar umas pauladas nos lombos, cada vez que viam o pastor por perto voltavam de fininho aos pastos verdejantes.

Mas, só por uns minutinhos.

Médicos adotam a espiritualidade como recurso para combater doenças




Médicos e instituições hospitalares do mundo todo começam a incluir nas suas rotinas de maneira sistemática e definitiva a prática de estimular nos pacientes o fortalecimento da esperança, do otimismo, do bom humor e da espiritualidade.

O objetivo é simples: despertar ou fortificar nos indivíduos condições emocionais positivas, já abalizadas pela ciência como recursos eficazes no combate a doenças. Esses elementos funcionariam, na verdade, como remédios para a alma – mas com repercussões benéficas para o corpo. No Brasil, a nova postura faz parte do cotidiano de instituições do porte do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, da Rede Sarah Kubitschek e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, três referências nacionais na área de reabilitação física. Nos Estados Unidos, o conceito integra a filosofia de trabalho, entre outros centros, do Instituto Nacional do Câncer, um dos mais importantes pólos de pesquisa sobre a enfermidade do planeta, e da renomada Clínica Mayo, conhecida por estudos de grande repercussão e tratamentos de primeira linha.

A adoção desta postura teve origem primeiro na constatação empírica de que atitudes mais positivas traziam benefício aos pacientes. Isso começou a ser observado principalmente em centros de tratamento de doenças graves como câncer e males que exigem do indivíduo uma força monumental. No dia-a-dia, os médicos percebiam que os doentes apoiados em algum tipo de fé e que mantinham a esperança na recuperação de fato apresentavam melhores prognósticos. A partir daí, pesquisadores ligados principalmente a essas instituições iniciaram estudos sobre o tema.

Hoje há dezenas deles. Um exemplo é um trabalho publicado na edição deste mês da revista científica BMC Câncer sugerindo que o otimismo é um fator de proteção contra o câncer de mama. “Verificamos que mulheres expostas a eventos negativos têm mais risco de contrair a doença do que aquelas que apresentam maiores sentimentos de felicidade e positivismo”, explicou Ronit Peled, da Universidade de Neguev, de Israel, autor da pesquisa. Na última edição do Annals of Family Medicine – publicação de várias sociedades científicas voltadas ao estudo de medicina da família – há outra mostra do que vem sendo obtido. Uma pesquisa divulgada na revista revelou que homens otimistas em relação à própria saúde de alguma forma ficaram mais protegidos de doenças cardiovasculares. Os cientistas acompanharam 2,8 mil voluntários durante 15 anos. Eles constataram que a incidência de morte por infarto ou acidente vascular cerebral foi três vezes menor entre aqueles que no início estavam mais confiantes em manter uma boa condição física. Provas dos efeitos da adoção da espiritualidade na melhora da saúde também começaram a surgir. Nos estudos sobre o tema, a prática aparece associada à redução da ansiedade, da depressão e à diminuição da dor, entre outras repercussões.

A partir de informações como essas, os cientistas resolveram identificar o que levava a esse impacto. Chegaram basicamente a duas razões. Uma é de natureza comportamental. Em geral, quem é otimista, tem esperança e cultiva alguma fé costuma ter hábitos mais saudáveis. Além disso, essas pessoas seguem melhor o tratamento. “Uma postura positiva leva a gestos positivos. Os pacientes se cuidam mais, alimentam-se bem, fazem direito a fisioterapia, mesmo que ela seja dolorosa”, explica a clínica geral carioca Cláudia Coutinho.

A outra explicação tem fundamento biológico. Está provado que a manutenção de um estado de espírito mais seguro e esperançoso desencadeia no organismo uma cadeia de reações que só trazem o bem. “Se o paciente é otimista, encara um problema de saúde como um desafio a ser vencido. Nesse caso, as alterações ocorridas no corpo poderão ser usadas a seu favor”, explica o pesquisador Ricardo Monezi, do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo. O bom humor, por exemplo, é capaz de promover o aumento da produção de hormônios que fortalecem o sistema de defesa, fundamental quando o corpo precisa lutar contra inimigos. Além disso, o riso provoca relaxamento de vários grupos musculares, melhora as funções cardíacas e respiratórias e aumenta a oxigenação dos tecidos.

É esse arcabouço de informações que permite hoje o uso, na prática, da espiritualidade, do otimismo, da esperança e do bom humor como recursos terapêuticos dentro da medicina. Nos Estados Unidos, por exemplo, pesquisadores da Universidade do Alabama preparam-se para começar a aplicar um tratamento batizado de “terapia da esperança”. O sistema consiste em ajudar os pacientes a construir e a manter a esperança diante da doença. “O primeiro passo é auxiliá-los a encontrar um objetivo importante que dê sentido a suas vidas. Depois, aumentar a motivação para alcançá-lo e orientálos sobre os caminhos a serem seguidos”, explicou à ISTOÉ Jennifer Cheavens, da Universidade de Ohio e participante do grupo que desenvolveu a novidade. Essa construção é feita com base em técnicas usadas na terapia cognitivo-comportamental, cujo objetivo é treinar o indivíduo a pensar e a agir de forma diferente para conseguir lidar de modo mais eficiente diante de condições adversas. O treinamento é feito com duas sessões semanais realizadas durante dois meses. A terapia será usada em portadores de deficiências visuais e nas pessoas responsáveis por seus cuidados. “Acreditamos que ela ajudará muito na redução da depressão e de outros problemas associados à perda da visão. Os pacientes ficarão mais motivados a lutar contra as dificuldades e a participar dos trabalhos de reabilitação”, explicou à ISTOÉ Laura Dreer, professora do departamento de oftalmologia da Universidade do Alabama, nos EUA.

No Brasil, a inclusão da ferramenta na prática médica está mudando a rotina dos hospitais. No Instituto de Ortopedia, no Rio de Janeiro, por exemplo, o trabalho médico é acompanhado pelo suporte psicológico, dedicado especialmente a fortalecer uma atitude mais positiva. O trabalho, claro, não é simples. Os pacientes costumam ser vítimas de traumas medulares ocorridos em situações como acidentes ou quedas. De uma hora para outra, têm a vida totalmente limitada. “Por isso, precisamos ajudá-los a enfrentar a nova situação. Eles têm de passar por uma reabilitação física e emocional”, explica a psicóloga Fátima Alves, responsável pelo grupo. E quem faz isso usando o otimismo e a esperança como armas sai ganhando. “Mostramos principalmente aos mais descrentes que a postura positiva no enfrentamento da doença é um remédio”, afirma Tito Rocha, coordenador da unidade hospitalar do instituto. Em breve, eles abrirão um grupo para incentivar o cultivo da espiritualidade pelos doentes.

Na Rede Sarah, os pacientes são estimulados a participar de atividades que melhorem o humor e a disposição. Entre eles, estão o remo, a dança e os jogos. “No processo de reabilitação, esses recursos são fundamentais”, afirma Lúcia Willadino Braga, presidente da Rede Sarah e considerada uma das melhores neurocientistas do País. “A doença deixa de ser o foco. Quando isso acontece, a recuperação é acelerada. O paciente fica menos tempo internado e retorna às suas atividades mais rapidamente”, afirma. Constatações semelhantes são obtidas no InCor, em São Paulo. Lá, quem está internado recebe suporte psicológico para não entrar em depressão – já considerada fator de risco para doenças cardíacas – e manter o otimismo. “É preciso dar força para o espírito para que o corpo se recupere”, afirma o cardiologista Carlos Pastore, diretor de serviços médicos da instituição.

Talvez o símbolo mais emblemático do fim do preconceito da medicina ocidental contra questões relativas à emoções e espiritualidade seja o que está acontecendo na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a mais tradicional do País. Em novembro, a instituição sediará um evento para mostrar aos profissionais de saúde a importância de recursos como a espiritualidade e o bom humor na recuperação de pacientes. O curso será ministrado pelo geriatra Franklin dos Santos, professor de pós-graduação da disciplina de emergências médicas da universidade. No programa, há um bom espaço para ensinar os médicos e enfermeiros a usarem essas ferramentas. “Discutimos como isso deve ser aplicado na prática”, diz o médico, que tem dado palestras pelas escolas de medicina do País inteiro.

Nos Estados Unidos, também há um esforço para treinar os profissionais de saúde. Só para se ter uma idéia, o Instituto Nacional de Câncer americano criou uma espécie de guia para orientar médicos, enfermeiros e psicólogos sobre como usar a espiritualidade do paciente a seu favor. Todo esse interesse é o sinal mais patente de que a revolução vai durar. Por isso, ninguém deve se surpreender se quando chegar ao consultório médico for indagado sobre suas condições de saúde, obviamente, mas também sobre sua relação com a espiritualidade ou disposição de esperança. “Questões como essas devem começar a ser cada vez mais levantadas”, defende Brick Johnstone, professor de psicologia médica da Universidade Missouri-Columbia, nos EUA.

Fonte FG News