Meus Amigos

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Cegos e alarmados?

                         

A cegueira de alguns lideres religiosos alarmados e alarmistas em relação aos protestos é absurda. Revela a total ignorância histórica e um peleguismo constrangedor.
Quando o povo, finalmente, vai às ruas clamando por justiça e melhores condições de vida, é de se esperar que haja algum confronto, mesmo que todos repudiemos o vandalismo. Foi assim em todas as revoluções. 
Vamos todos pela paz, mas é ingenuidade imaginar que quem está no poder contemporize e respeite os manifestantes. 
E também todos sabemos da truculência organizada de algumas policias e vândalos “infiltrados” a mando dos governos de quem se protesta...
Multidão é sempre um risco. 
Graças ao Bom Deus que tem mantido tudo isto sem que tenha havido uma única vida ceifada. 
E que deus nos livre!
Se falta conhecimento histórico e compreensão do Estado democrático de direito a estes lideres religiosos, geralmente nem tão democráticos nem tão respeitadores do direito alheio, que ao menos haja conhecimento bíblico e da história do cristianismo.
Até Jesus. Sim, Jesus! 
Quando entrou em Jerusalém em manifestação pacífica, sob palmas e apoio do povo, ao passar pelo Templo e ver os vendilhões (a mando dos sacerdotes), virou os tabuleiros, depredou mercadorias e chicoteou os exploradores do povo, da boa fé do povo... Seria Jesus um “esquerdopata baderneiro”?
“Bem-aventurados os que promovem a paz”; mas há momentos em que se exige mais do que palavras, mas também alguma ação, com responsabilidade. 
Este exemplo o temos do próprio Jesus e de muitos santos e santas da historia da Igreja de Jesus Cristo. São Carlos do Brasil dizia: “Por Deus, Terra e Liberdade, brasileiros, lutem!”. 
E Dom Carlos Duarte Costa, o São Carlos do Brasil era um homem de e da paz...
         

Os cristãos e as cristã somos chamados a ser sal e luz do e no mundo...
“Bem-aventurados os que promovem a paz”. 
Sempre crendo e agindo pela justiça, pois “o reino de Deus é paz, justiça e alegria”.
E Deus está no controle, não?

Padre Antonio Piber.
Fonte>https://www.facebook.com/peantonio.piber

terça-feira, 18 de junho de 2013

Nos Domínios da Sombra

                                         

Em compacta assembléia do reino das sombras, um poderoso soberano das trevas, diante

de milhares de falangistas da miséria e da ignorância, explicava o motivo da grande reunião.

O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente humana, prejudicava os planos infernais.

Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a raciocinar menos superficialmente!

Indagavam, com segurança, quanto aos enigmas do sofrimento e da morte e aprendiam,

sem maior dificuldade, as lições da Justiça

Divina. Compreendiam, sem cadeias dogmáticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam

com fervor. Meditavam na reencarnação e passavam a interpretar com mais inteligência os

deveres que lhes cabiam no Planeta.

Muita gente entregava-se aos livros nobres, à caridade e à compaixão, iluminando a

paisagem social do mundo e, por isso, todas as atividades da sombra surgiam ameaçadas. .

.

Que fazer para conjurar o perigo?

E pediu para que os seus assessores apresentassem sugestões.
                                   

Depois de alguns momentos de expectativa, ergueu-se o comandante das legiões da incredulidade e falou:

- Procuremos veicular a crença de que Deus não existe e de que as criaturas viventes estão

entregues a forças cruéis e fatais da Natureza...

O maioral das trevas, porém, objetou, desencantado:

- O argumento não serve. Quanto mais avançamos nos trilhos da inteligência mais

reconhece o homem a Paternidade de Deus, sendo atraído inelutavelmente para a fé ardente

e pura.

Levantou-se, no entanto, o orientador das legiões da vaidade e opinou:

- Espalharemos a notícia de que Jesus nada tem que ver com o Espiritismo, que as

manifestações dos desencarnados se resumem num caso fisiológico para as conclusões da

Ciência, e, desnorteando os profitentes da Renovadora Doutrina, faremos com que gozem a

vida no mundo, como melhor lhes pareça, sem qualquer obrigação para com o Evangelho e,

assim, serão colhidos no túmulo, com as mesmas lacunas morais que trouxeram do berço.

O rei das sombras anuiu, complacente:

- Sim, essa ilusão já foi muito importante, contudo, há milhares de pessoas despertando para

a verdade, na certeza de que as portas do sepulcro não se abririam para os vivos da Terra,

sem a intervenção de Jesus.

Nesse ponto, o diretor das falanges da discórdia pôs-se de pé e conclamou:

- Sabemos que a força dos espíritas nasce das reuniões em que se congregam para a

oração e para o aprendizado da Vida Espiritual, e nas quais tomam contacto com os

Mensageiros da Luz... Assim sendo, assopraremos a cizânia entre os seguidores dessa

bandeira transformadora, exagerando-lhes a noção da dignidade própria. Separá-los-emos

uns dos outros com o invisível bastão da maledicência. Chamaremos em nosso auxílio os

polemistas, os discutidores, os carregadores de lixo social, os fiscais do próximo e os

examinadores de consciências alheias para que os seus templos se povoem de feridas e

mágoas incuráveis e, assim, os irmãos em Cristo saberão detestar-se uns aos outros, com

sorrisos nos lábios, inutilizando-se para as obras do bem.

O chefe satânico, todavia, considerou:

- Isso é medida louvável, contudo necessitamos de providência de efeito mais profundo,

porque sempre aparece um dia em que as brigas e os desacordos terminam com os

remédios da humildade e com o socorro da oração.

A essa altura, ergueu-se o condutor das falanges da desordem e ponderou:

- Se o problema é de reuniões, conseguiremos liquidá-lo em três tempos. Buscaremos

sugerir aos membros dessas instituições que o lugar dos conclaves é muito longe e que não

lhes convém afrontar as surpresas desagradáveis da via pública. Faremos que o horário das

reuniões coincida com o lançamento de filmes especiais ou com festividades domésticas de

data fixa. Improvisaremos tentações determinadas para os companheiros que possuam

maiores deveres e responsabilidades junto às assembleias, a fim de que os iniciantes não

venham a perseverar no trabalho da própria elevação. Organizaremos dificuldades para as

conduções e atrairemos visitas afetuosas que cheguem no momento exato da saída para os

cultos espiritas-cristãos. Tumultuaremos o ambiente nos lares, escondendo chapéus e

bolsas, carteiras e chaves para que os crentes se tomem de mau humor, desistindo do

serviço espiritual e desacreditando a própria fé.

O soberano das .trevas mostrou larga satisfação no semblante e ajuntou:

- Sim, isso é precioso trabalho de rotina que não podemos menosprezar. Entretanto,

carecemos de recurso diferente. . .

O responsável pelas falanges da dúvida ergueu-se e disse:

- As reuniões referidas são sempre mais valiosas com o auxílio de médiuns competentes.

Buscaremos desalentá-los e dispersá-los, penetrando a onda mental em que se comunicam

com os Benfeitores Celestes, fazendo-lhes crer que a palavra do Além resulta de um engano

deles próprios, obrigando-os a se sentirem mentirosos, palhaços, embusteiros e

mistificadores, sem qualquer confiança em si mesmos, para que as assembleias se vejam

incapazes e desmoralizadas...
                            

O mentor do recinto aprovou a alegação, mas considerou:

- Indiscutivelmente, o combate aos médiuns não pode esmorecer, entretanto, precisamos de

providência mais viva, mais penetrante...

Foi então que o orientador das falanges da preguiça se levantou, tomou a palavra, e falou

respeitoso:

- Ilustre chefe, creio que a melhor medida será recordar ao pensamento de todos os

membros das agremiações espíritas que Deus existe, que Jesus é o Guia da Humanidade,

que a alma é imortal, que a Justiça Divina é indefectível, que a reencarnação é uma verdade

inconteste e que a oração é uma escada solar, reunindo a Terra ao Céu...

O soberano das sombras, porém, entre o espanto e a ira, cortou-lhe a palavra, exclamando:

- Onde pretende chegar com semelhantes afirmações?

O comandante dos exércitos preguiçosos acrescentou, sem perturbar-se:

- Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se

regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da

luz, mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar-se, que as

realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que

tudo deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos

como ficarão depois da morte, que a liberalidade do Senhor é incomensurável e que todos os

serviços e reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para

amanhã... Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo como fora dele, com fé ou sem fé,

porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo...

O rei das sombras sorriu, feliz, e concordou:

- Oh! até que enfim descobrimos a solução!...

De todos os lados ouviam-se risonhas exclamações: - Bravos! Muito bem! Muito bem!

O argumento do astucioso condutor das falanges da inércia havia vencido.

sábado, 15 de junho de 2013

Necessidades e urgências



                               

Outro dia alguém publicou na internet uma montagem com a foto do Papa Francisco, segurando a férula e com esta frase: “Então você pensou que eu ia acabar com a ‘missa tridentina’?”. Esta publicação revela, o quanto precisamos ir além do básico na teologia e na liturgia da saudável Tradição da Igreja. Pois não existe “missa tridentina”, “missa de sempre”, “missa reformada” e outras bobagens que costumamos dizer e ouvir, existe a Santa Missa este grande e único diálogo com Deus.
Nunca me importei com o lugar onde e com as roupas com as quais as pessoas celebram a Santa Missa, porque nunca vi nisso o problema, mas sim na concepção que se tem de Igreja, do Reino, de Povo de Deus, do sacerdócio, da Redenção, da Eucaristia, do “Deus Conosco”...
Penso que a dificuldade não está na posição em que se fica no altar, mas sim no modo de como compreendemos o Evangelho e de como o anunciamos e no testemunho que damos de Jesus Cristo Ressuscitado.
Voltar sempre de novo para Jesus Cristo, para o Evangelho, esta é a mensagem e a proposta sempre nova de Dom Carlos Duarte Costa. Quem despreza outros por serem “carlistas”, além de injustos e mal intencionadas, demonstram que não querem justamente isto: que o povo de Deus se apodere do Evangelho e faça uso dele. Fazer com que o povo se apodere do Evangelho, esta é a tarefa que os Teólogos da Libertação assumiram e por isso que foram e são combatidos pelos “tradicionalistas”, assim como os fariseus e os “Doutores da lei” combateram a Jesus Cristo.
Não é mais possível viver a Igreja com este equívoco triunfalista pessimista que é a Igreja concebida pelos “tradicionalistas”, uma Igreja que agride as pessoas com atitudes de nervosismo e medo, de autodefesa, que vê o mundo como um adversário, que faz da condenação e da denúncia da teoria da conspiração todo um programa pastoral. Uma instituição marcada pelo restauracionismo e passividade generalizada, sem atitudes de renovação, com o pecado da autorreferencialidade à flor da pele. Onde os bispos confundem liderança com autoritarismo e consideram-se líderes apenas quando os cristãos e as cristãs de suas dioceses estão submissos e silenciosamente obedientes.
É necessário urgentemente retornar para Jesus Cristo. Não apenas uma reforma religiosa, mas sim uma conversão ao Espírito de Jesus Cristo. Não apenas adesão doutrinal, mas seguimento. Não apenas mudanças, mas atualização da experiência fundante.
Este retorno à Jesus Cristo, ao Evangelho, esta conversão, este seguimento, esta atualização do primeiro chamado que Jesus Cristo fez aos Apóstolos e às Discípulas deve ser feito pelo povo, pois a hierarquia parece-me, não quer perder seus privilégios, por isso não tem interesse em provocar, motivar uma conversão e tampouco converter-se à Jesus Cristo. 
Devemos retornar ao que é a fonte e a origem da Igreja. Deixar que o Deus encarnado em Jesus, o Filho de Maria, seja nosso único Deus. É preciso reformar e restaurar muita coisa, claro que sim, e fazer com que a doutrina seja a do Novo Testamento, mas, primeiro, é preciso voltar à fé em Jesus. Invocar um clima mais humilde, mais prazeroso, porque, caso contrário, seremos cada vez mais uma instituição decadente, mais sectária, mais rara, mais triste, mais distante do que Jesus quis e pelo qual Ele deu a Sua vida.
Jesus Cristo é um projeto, quase uma obsessão, uma necessidade imperiosa. Senão será tarde demais. Deixamos quase morrer a Ceia do Senhor, porque a Igreja não se questionou seriamente sobre a razão das pessoas saírem e buscar outras denominações, muitas vezes caindo nas mãos de mercenários da fé. Não houve uma “crise vocacional”, muita gente boa e abnegada quis e quer ser padre, dedicar todos os seus talentos e energias ao Reino, mas ao invés de acolhe-los e encaminhá-los, prefere-se ficar discutindo quem pode ou não pode ser ordenado. 
É necessário e urgente voltar a entender Jesus Cristo como o que Ele realmente foi e o percebemos no Evangelho: “Um Profeta poderosos em atos e palavras” (Lc 24,19). Percebê-lo, segui-lo e imitá-lo.
É necessário e urgente que a Igreja reconheça seus pecados e se responsabilize por eles, questione suas falsas seguranças, duvide da auto “santidade”, porque santifica tudo e não vê as trevas que há dentro da Igreja, e assim não ilumina as trevas, não resplandece, é uma candeia colocada embaixo da mesa (cf. Lc 11,33).
Se a Igreja não escuta os clamores dos pobres, será surda. E, surda ficará muda. E, se muda não será capaz de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, o Evangelho livre e libertador, o único Evangelho que há.
É necessário e urgente reavivar o espírito profético do Movimento de Jesus. Não podemos nos resignar a viver uma religião cristã sem profecia.
É necessário e urgente uma presença mais ativa, indignada e atualizada da liderança cristã na sociedade, mas uma presença que se manifeste em serviço e testemunho assumindo a agenda dos movimentos sociais, dos pobres, dos excluídos, e nunca, nunca mais triunfalista. Esta presença deve esclarecer, por si só que a Igreja não é o mais importante, mas, sim, o Reino. 
É necessário e urgente uma renovação espiritual com renuncia, humildade e autentica santidade dos lideres cristãos, deixando de lado carreirismos, vaidades, hipocrisias.
É necessário e urgente rememorar que o Cristianismo não é uma religião a mais, é uma religião profética, para construir um mundo mais justo, mais solidário, mais santo e esta justiça, solidariedade e santidade deve ser vivida e testemunhada antes pelo seu clero.
É necessário e urgente recuperar a compaixão. Pois ser compassivos é a única maneira de seguir Jesus Cristo e de nos parecermos com o Pai. A Igreja cristã perdeu a capacidade de atrair as pessoas, porque não levou a sério o sofrimento dos inocentes e deixou de solidarizar-se com as angústias dos pobres.
Precisamos continuar buscando caminhos, a partir da Igreja que cada vez tem menos poder de atração, ou devemos recuperar o Evangelho de Jesus como única força para transmitir e engendrar a fé? Hoje, o Evangelho se encontra aprisionado no interior de uma Igreja em crise, por isso é necessário e urgente recuperar o protagonismo do Evangelho.
Jesus Cristo no Evangelho é muito mais atual e real do que os sermões que nós, padres e bispos, damos. Deus não está em crise, nem está bloqueado. Jesus Cristo é o futuro da Igreja, um futuro “apaixonante”, mas para isso é necessário e urgente que seja o presente, Sua mensagem é necessária e urgente que seja vivida antes de testemunhada.
È necessário e urgente termos certeza do que somos, instrumentos de Deus, senão não teremos autoridade para pregarmos o Evangelho e ministrarmos os Sacramentos.
O Papa Francisco está inaugurando um tempo novo. Um novo estilo de Igreja simples, pobre, humilde, próxima e dialogante, que se preocupa com a felicidade do ser humano.
Se ele usa férula ou não, não é necessário nem urgente.
Se ele celebra de costas ou não, não é necessário nem urgente.
Se o Papa promove a mudança a partir de cima, nós devemos promover o Reino a partir de baixo. O Reino pretendido e anunciado no Evangelho de Jesus Cristo livre e libertador, o único Evangelho que há.
Isto sim é que é urgente e necessário...

 Autor:Padre Antonio Piber.

sábado, 8 de junho de 2013

Dra. Lílian Piñero Eça- Células-tronco


                                
Catolicismo — O que são as células-tronco, numa formulação sintética?
 “As células-tronco adultas são as células existentes após o nascimento; por exemplo, as do cordão umbilical e as existentes nos vários tecidos humanos” Dra. Lílian Piñero Eça — As células-tronco embrionárias humanas (CTEH) são as existentes no blastocisto do embrião, estrutura formada após sete dias da fecundação, e são totipotentes, isto é, têm a capacidade de se transformar nos 256 tecidos do organismo humano.
As células-tronco adultas (CTAH) são as células indiferenciadas existentes após o nascimento; por exemplo, as do cordão umbilical e as existentes nos vários tecidos humanos para a reposição das células mortas do nosso organismo.
As células-tronco, especialmente as adultas, são objeto de intensas pesquisas hoje, pois podem funcionar como células substitutas em tecidos lesados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.
Catolicismo — Quais as desvantagens e os perigos na utilização de células-tronco embrionárias com fins terapêuticos?
Dra. Lílian Piñero Eça — A propósito da discussão referente à Lei de Bio-segurança recentemente aprovada, fui convocada a depor em comissão da Câmara dos Deputados pelo líder do governo, deputado petista Arlindo Chinaglia, participando de um debate com a articuladora da dita lei, Dra. Mayana Zatz. Apresentei as 12 principais razões pelas quais se deve recusar a utilização das células-tronco embrionárias, por serem nocivas e perigosas. Cada uma das razões que expus foram apoiadas com a apresentação de comunicações científicas. A posição contrária não fez o mesmo.
Mencionemos alguns dos perigos da utilização de CTEH:
Primeira razão: os partidários das CTEH alegam que elas curam doenças. Isso é falso. As CTEH até o presente momento não curaram nenhuma moléstia.
 “Apresentei na Câmara dos Deputados as 12 principais razões pelas quais se deve recusar a utilização das células-tronco embrionárias” Segunda: tais células tendem a produzir tumores, chamados teratomas. São tumores embrionários que formam vários tecidos de forma desordenada, como unhas, cabelos e outros. Na China, por exemplo, a utilização dessas CTEH produziu graves acidentes: injetadas no cérebro de parkinsonianos, começaram a produzir unhas, cabelos, dentes...
Terceira: esses teratomas facilmente transformam-se em tumores cancerosos, dos mais malignos que existem.
Quarta: as células-tronco embrionárias são muito inadequadas para fins de pesquisa, pois, quando congelados os embriões (a menos 193º), eles se “metilam”, isto é, “silenciam” o gene a ser estudado.
Quinta: diz-se que existem no Brasil 30.000 embriões congelados prontos para pesquisa. Isso é falso. Existem apenas 3.219 embriões congelados. Quando forem descongelados, 40% deles morrerão. Restariam assim 1.600 embriões. Desses, ainda seria necessário descontar aqueles cujos pais recusarão que sejam utilizados para pesquisa. Restariam uns 1.000 embriões? Isso significa, no máximo, o número suficiente para um ano de pesquisas. O que será feito quando esses 1.000 acabarem? Onde encontrarão novos embriões? Pretende-se produzir novos, com fins de pesquisa, violando a lei?
Sexta: acho mais grave o fato de que, para cultivar essas células embrionárias, é necessário fazê-lo sobre uma “cama” de células feitas de lâminas de fetos vivos de qualquer idade, que são vendidos em dólares, nos EUA. Estas não podem ser de rato, como se afirma, porque as proteínas desses animais contaminarão as células humanas, e isso é muito perigoso.
Sétima: a rejeição é outro dos inconvenientes. Ela ocorre porque o DNA do enxerto é diferente do DNA do receptor.
Oitava: o blastocisto tem 100 células. Para fazer um tratamento, por exemplo, de uma cardiopatia, é necessário um milhão de células por mililitro. Sendo indispensáveis uns quarenta mililitros para injetar no paciente, esse volume conterá 40 milhões de CTEH. Logo, isso exigiria uns 400.000 embriões!

“A mídia efetua uma manipulação da opinião pública, criando falsas esperanças em relação às pesquisas com células-tronco embrionárias”
Catolicismo — Qual a conclusão que se tiraria, então?
Dra. Lílian Piñero Eça — Atualmente, não há uma saída científica para as células-tronco embrionárias.
Catolicismo — A Sra. foi à luta para quebrar o silêncio por parte dos meios de comunicação sobre as vantagens da pesquisa com CTAH e os perigos que apresenta a utilização das CTEH?
Dra. Lílian Piñero Eça — Sim, pois os partidários da lei tentam transmitir ao público a idéia de que seria só aprovar a lei, que as pessoas já estariam, no dia seguinte, deixando a cadeira de rodas. A mídia efetua uma manipulação da opinião pública, criando falsas esperanças em relação às pesquisas com células-tronco embrionárias.

Catolicismo — E os tratamentos com células-tronco adultas têm obtido bons resultados?
Dra. Lílian Piñero Eça — Com as células-tronco adultas, já se têm alcançado resultados muito positivos no tratamento de cardiopatias graves, Parkinson, diabetes infantil, certas doenças imunológicas. As células-tronco adultas têm um gene, chamado “Oct 4”, que é uma espécie de “chave molecular”. Colocado em um meio adequado, consegue-se desativá-lo, e as células-tronco adultas passam a comportar-se como se fossem células-tronco embrionárias, sem apresentar os seus inconvenientes. Ademais, sua manipulação é muito mais simples no laboratório.
E, sobretudo, a utilização das células-tronco adultas não exige a destruição da vida de um novo ser, que é o embrião. Isso significa que não há necessidade de recorrer ao “mercado negro” da vida (nos EUA, paga-se cerca de 400 dólares por um óvulo feminino), nem de ativar o “mercado negro” do aborto, legalizando-o.
Existem certas proteínas, chamadas “sinais” das células, que criam o ambiente favorável ao desenvolvimento ou não das enfermidades. Tais proteínas devem ser estudadas, e no futuro a chave das pesquisas terapêuticas não serão sequer as CTAH, mas essas proteínas, os “sinais celulares”. As células-tronco serão um meio para se poder estudar quais são esses fatores. Sendo eles descobertos, não será mais preciso utilizar sequer as CTAH do próprio paciente. Talvez até seja possível industrializá-los, e então injetá-los diretamente na pessoa doente, evitando-se assim o sempre complicado processo de obtenção, ativação e desenvolvimento das CTAH.
Catolicismo — Haverá outros motivos menos manifestos aos olhos da opinião pública, na insistência em estudar as células-tronco embrionárias?
Dra. Lílian Piñero Eça — Com efeito, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Humberto Costa, declarou — logo após o projeto de lei ter sido sancionado pelo presidente Lula, em 24 de março de 2005 — que a Lei de Bio-Segurança é o primeiro passo. O segundo deverá ser a clonagem terapêutica, que é uma fonte de muitos lucros. Depois será o aborto, e o quarto passo a aprovação da eutanásia.
Os defensores desse processo perfilham uma “linha da morte”, e não da cura, como pretendem fazer crer.
                           

               *** Dra. Lílian Piñero Eça, protocolou no dia 30 de maio último, no Supremo Tribunal Federal, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o artigo da Lei de Bio-segurança que permite pesquisas com células-tronco embrionárias, congeladas por pelo menos três anos em clínicas de fertilização in vitro, por atentarem contra a vida de um ser humano –– o embrião.